Mais um ano se encerra e as nossas dúvidas em muitos pontos permanecem, em relação a pandemia do COVID 19, dos desafios ecológicos, sociais, do que será possível realizar dos nossos projetos individuais e como será o nosso futuro coletivo.
As estatísticas nos assustaram nos últimos anos, em relação ás complexas  respostas psíquicas que as pessoas vêm apresentando: crianças e adolescentes com vínculos desestabilizados, afastados de suas relações de amizade, da escola, dos esportes, do lazer, idosos em situação de temor, vendo diariamente nos telejornais imagens de hospitais, cemitérios, figuras humanas com roupas de filmes de ficção científica, adultos em desafios em relação a vida funcional e familiar.
Quadros diversos afloraram de pânico, ansiedade, depressão, desconforto e um incômodo que trazia a insônia nas madrugadas.
Houve uma explosão de uso de medicamentos para depressão, indutores do sono, ansiolíticos , surtos que necessitaram internações psiquiátricas, uso de anti psicóticos.
A esperança parecia de esvair , nas imagens e informações do concreto, do Real.
Por outro lado nunca mergulhamos tanto na nossa subjetividade, nas nossas angústias, na certeza de que nada controlamos, apesar das nossas crenças.
Os consultórios terapêuticos tornaram-se prioridade, mesmo que o atendimento fosse on line e ainda permanecem como fundamental.
Agora, vacinados em grande maioria, com nossa consciência mais desperta, mais  profundos em nossa capacidade de aceitar as perdas e frustrações da vida, ainda precisamos nos manter em cuidado, com a nossa saúde como um todo. Mas a saúde mental veio nos lembrar que nosso cérebro não pode ser adaptado a novas funções imediatamente, nem só por uso de medicamentos e até agora nenhuma novidade tecnológica, com exceção das vacinas.
Portanto, o mergulho continua, inesgotável, em águas de preferencia mais profundas , que possa nos trazer no silêncio, por vezes abissal, as respostas que surgem em meio a esta busca e nos traz um conforto interior, que até então não era conhecido por muitos de nós.

Cláudia M. Caldeira Avelar
Assistente Social – AMMP SAÚDE